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2 out

2015

Definição e História da Medicina Nuclear

1 – Definição de Medicina Nuclear

A Organização Mundial da Saúde assim define a Medicina Nuclear: “A Medicina Nuclear é a especialidade que se ocupa do diagnóstico, tratamento e investigação médica mediante o uso de radioisótopos como fontes radioativas abertas.”
A Sociedade Brasileira de Biologia, Medicina Nuclear e Imagem Molecular a define como “a especialidade médica que emprega fontes abertas de radionuclídeos com finalidade de diagnóstico e de terapia.”

Trata-se de uma especialidade médica que se fundamenta na utilização da energia nuclear para fins médicos de diagnóstico e de terapia mediante o uso de substâncias conhecidas na física como isótopos radioativos porque emitem radiações.

Como recurso diagnóstico, a Medicina Nuclear é um meio seguro e eficiente, em geral indolor e não invasivo, para se obter informações que, de outra maneira, seriam impossíveis de conseguir. É um conjunto de procedimentos de alta sensibilidade para encontrar anormalidades na estrutura e na função dos órgãos estudados, com a virtude de identificar, precocemente, numerosas alterações orgânicas e funcionais em relação a outros métodos diagnósticos.

Além de seu uso no diagnóstico, o método permite avaliar recidivas, acompanhar a evolução, a remissão ou a progressão de certas enfermidades. Os procedimentos utilizados em Medicina Nuclear têm a virtude de substituir outros testes que submetem o paciente a maior risco iatrogênico, à maior exposição às radiações, que lhes causam maior desconforto. Também substituem ou complementam outras formas de exames mais onerosos usados em diagnóstico.

A Medicina Nuclear é indispensável para diagnóstico e acompanhamento de enfermidades cardíacas, oncológicas, endócrinas, traumatológicas, renais, pulmonares, etc.

Como recurso usado na terapia, a Medicina Nuclear também é um meio seguro, eficiente e de baixo custo para tratar certas afecções benignas e malignas curáveis com irradiação. O tratamento com radioisótopos realizados pela Medicina Nuclear é um procedimento indolor e não invasivo que pode ser aplicado quando as condições do paciente não permitem cirurgias ou outra forma de tratamento.

As pequenas doses utilizadas e o fato de que a irradiação ocorre quase que exclusivamente nas células e tecidos alvo têm a vantagem de irradiar pouco os pacientes e quase não apresentar efeitos colaterais. A irradiação com isótopos tem, também, utilidade como paliativo contra a dor provocada por metástases ósseas, quando outros métodos forem ineficientes para aliviar o sofrimento dos pacientes.

2 – Breve Histórico da Medicina Nuclear
As substâncias radioativas utilizadas em Medicina Nuclear são chamadas de traçadores porque sua passagem pelo corpo humano pode ser acompanhada externamente por meio de equipamentos especiais. Os isótopos radioativos que existem na natureza, são chamados de isótopos naturais. O Urânio foi o primeiro isótopo natural descoberto (Becquerel 1896).

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Foto de Becquerel – Prêmio Nobel de Física de 1903

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Foto de Marie Curie – Prêmio Nobel de Física 1903 e Prêmio Nobel de Química 1911

A radioatividade natural, entretanto, só foi conhecida dois anos depois (Marie Curie 1898). Hoje, com a evolução da física e das técnicas nucleares, são fabricados isótopos radioativos artificiais em equipamentos especiais: os reatores atômicos e os ciclotrons.

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Foto do Físico George Charles de Hevesy (nascido Hevesy György, também conhecido como Georg Karl von Hevesy)

A Medicina Nuclear começou a se esboçar quando Hevesy, em 1923, utilizou, pela primeira vez, um traçador natural em uma exploração biológica. O passo seguinte aconteceu em 1934 com a aplicação dos isótopos no campo do diagnóstico, quando começaram os primeiros estudos da fisiologia da glândula tireoide, mediante a utilização de isótopos artificiais do iodo. Inicialmente foi utilizado o iodo 128 (128I) e logo a seguir foi usado o iodo 131 (131I). Cinco anos depois, a Medicina Nuclear passou a atuar no campo da terapia; isso aconteceu em 1939 quando então ocorreram as primeiras aplicações terapêuticas do iodo 131 (131I) no tratamento das doenças tireoidianas.

A Medicina Atômica apareceu como especialidade a partir de 1940 com o uso do iodo 131 (131I) no diagnóstico e tratamento das doenças da tireoide. Pouco tempo depois, o mesmo isótopo do iodo foi usado como método de investigação em hematologia, servindo para medir o volume sanguíneo total, volume plasmático e volume corpuscular e para determinar a sobrevida dos glóbulos vermelhos. Aos poucos, a nova especialidade médica, incorporou outros estudos até chegar ao conjunto complexo de procedimentos que são realizados hoje.

Em 1952, o termo “Medicina Nuclear” substituiu a denominação de “Medicina Atômica”, que fora o primeiro nome da especialidade.

Na história resumida da Medicina Nuclear três cronologias de eventos devem ser examinadas, uma referente ao desenvolvimento dos equipamentos, outra, à geração de isótopos utilizáveis em diagnóstico e terapia e, a terceira, que diz respeito às investigações laboratoriais com traçadores.

A partir de 1946 começou o desenvolvimento e também a fabricação de equipamentos especiais para transformar as informações fornecidas pelos traçadores em imagens, com fins diagnósticos, cujo avanço principal data de 1951 quando foi inventado por Benedict Cassen o “scanner” com cristal de iodeto de sódio ou cristal de cintilação (daí o nome cintilografia para as imagens utilizadas em Medicina Nuclear). O ano de 1963 registra novo avanço tecnológico com o aparecimento da câmara de cintilação inventada por Anger, equipamento que, além de dar qualidade às imagens cintilográficas, foi o ponto de partida para os aparelhos atuais de tomografia cintilográfica conhecidos como SPECT (acrônimo composto das letras inicias das palavras inglesas Single-Photon Emisson Computed Tomography) e o PET (Positron Emisson Tomography).

Simultaneamente com a evolução dos equipamentos, desenvolveu-se a radiofarmácia, especialidade farmacêutica que elabora substâncias utilizadas em Medicina Nuclear, cujo principal marco histórico ocorreu em 1962, quando apareceram os geradores de Tecnécio 99 meta-estável (99mTc), hoje o isótopo de maior uso na Medicina Nuclear.

A fase laboratorial da Medicina Nuclear tomou impulso a partir do ano de 1956 quando começou a evolução dos processos de análises de fluídos orgânicos mediante a utilização de traçadores, técnica conhecida como radioimuno-análise.

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Dr. Clóvis Bornemann, médico do Serviço de Medicina Nuclear de Santa Maria em Varsóvia na frente da casa, que foi de Madame Curie, hoje conservada como Museu.

3 – A Medicina Nuclear em Santa Maria
Em 1.971, o Dr. João Eduardo Oliveira Irion, então Professor da Universidade Federal de Santa Maria, concluiu o Curso Internacional de Especialização em Medicina Nuclear no Centro de Medicina Nuclear da Universidade de São Paulo. Nesse ano ele adquiriu o primeiro equipamento e fundou o “SERVIÇO DE MEDICINA NUCLEAR DE SANTA MARIA LTDA.” Até então, existiam serviços dessa natureza, unicamente na capital do Estado, portanto, o Serviço de Medicina Nuclear de Santa Maria foi o pioneiro da especialidade no interior do Estado do Rio Grande do Sul.

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Inauguração da sede do Serviço de Medicina Nuclear de Santa Maria no Hospital de Caridade. Dr. Irion explica o funcionamento do cintilógrafo recém instalado às autoridades presentes. Entre elas, está à frente e de branco o Dr. José Mariano da Rocha, Primeiro Reitor da Universidade Federal de Santa Maria e, atrás e à esquerda, o Padre Rômulo Zanchi, então Provedor do Hospital.

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Foto do primeiro equipamento do Serviço, um detector de radiação, marca Siemens e modelo Nucleopan 2K.

Em 1.974, o Serviço foi transferido para o Hospital de Caridade “Dr. Astrogildo de Azevedo” onde permanece na qualidade de clínica terceirizada. Nessa ocasião foi instalado o segundo equipamento, um cintilógrafo linear Picker de última geração na época.

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Foto de um dos primeiros equipamentos do Serviço, um Cintilógrafo Linear, marca Picker.

Na ocasião, o Serviço passou a ter a participação do Professor da Universidade Federal de Santa Maria, o Dr. Clóvis Rogério Bornemann, Médico Nuclear que concluíra o curso de Pós Graduação na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e, também, do Professor Dr. Marcos Troian, especialista em endocrinologia. O terceiro equipamento adquirido foi uma câmara de cintilação Nuclear Ohio instalada em 1.994.

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Foto da primeira câmara de cintilação do Serviço marca Ohio Nuclear, modelo Sigma 400.

Nessa ocasião, para atender a crescente demanda do Serviço, o Hospital ampliou o espaço físico destinado ao ele. Para melhor adequá-lo às regras de segurança e radioproteção, o Hospital construiu um apartamento para terapia com radioisótopos, cujas características estruturais satisfizeram dois objetivos – a proteção radiológica e o conforto dos pacientes durante os períodos em que permanecem isolados após a aplicação de iodo radioativo (I131) para ablação de restos tireoidianos e tratamento de câncer de tireoide e suas metástases. Esse é, ainda, o único apartamento dessa natureza na região.

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Fotografia do apartamento para terapia com radioisótopos, recentemente reformado, dotado de banheiro privativo, ar condicionado, televisão e frigobar.

Em 1.998, o Serviço de Medicina Nuclear de Santa Maria ampliou seus equipamentos com a aquisição de uma câmara de cintilação, apta a realizar cintilografias planas, estudos de corpo inteiro e cintilografias tomográficas (câmara SPECT).

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Foto da primeira Câmara SPECT do Serviço, marca ELSCINT, modelo APEX-SPX-6.

Nessa data, o corpo clínico do Serviço foi ampliado com a colaboração por algum tempo do Médico Nuclear Dr. Sérgio Luiz Vargas de Andréa e permanente dos cardiologistas Professor Dr. Antonio Vicente Aita Hahn, Dr. Eduardo Radins, Dr. Fábio Branco de Araujo Brauner e do Neurologista, Professor Dr. Ricardo Oliveira Teixeira.
No ano 2.001 foi adquirida uma sonda de cintilação portátil (aparelho chamado de Gama Probe), capaz de localizar durante o ato cirúrgico, lesões previamente marcadas com isótopo, para serem extirpadas durante as cirurgias. Por ser portátil, o Gama Probe pode ser utilizado em todos os hospitais de Santa Maria.

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Foto da sonda portátil de cintilação (Equipamento gama probe).

No ano de 2003 o Serviço passou a contar com a participação da Dra. Clarissa Bornemann, médica formada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria em 2.000 e com Curso de Pós Graduação em Medicina Nuclear na Clínica Nuclimagem, no Hospital Ernesto Dornelles, em 2001 e 2002. Curso de Metodologia em Radioisótopos na Clínica de Medicina Nuclear, Nuclear Medcenter de Belo Horizonte, MG, este sob coordenação do Doutor Adelanir Barroso (2002) e com Título de Especialista em Medicina Nuclear pela Associação Médica Brasileira e Colégio Brasileiro de Radiologia obtido em 2003 (nº 470).

Mais uma câmara de cintilação SPECT foi instalada no fim do ano de 2.008 (marca GE, modelo MPR-Millennium).

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Foto da Câmara SPECT modelo MPR-Millennium, marca GE.

No ano de 2013, iniciou suas atividades no Serviço, a Dra. Maria Cecília Gabbi, médica formada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria em 2.008 e com Residência Médica em Medicina Nuclear no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, de 2009 a 2011. A doutora obteve título de Mestrado em Medicina Nuclear também pelo HCPA e tem Título de Especialista em Medicina Nuclear concedido pelo Ministério da Educação (MEC).

No início do ano de 2015, uma nova câmara de cintilação SPECT, da marca GE, modelo Brivo NM615 foi instalada. Este equipamento tem a vantagem de trabalhar com doses menores de radiação ou fazer o exame num tempo mais curto e conta com moderno software Xeleris 3 para o processamento das imagens. Ênfase especial é dada para os softwares cardíacos QGS/ QPS e para o cerebral Neurogam, para quantificação da perfusão cerebral em relação a um banco de dados de pacientes normais.

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Foto da Câmara SPECT modelo Brivo MN 615, marca GE.